A bíblia Verdadeira
O que você deve saber para ler a bíblia com proveito
Livro da humanidade
Abrindo a Bíblia, você está abrindo um dos livros mais lidos de toda a história da humanidade. Antes de você, milhões de pessoas procuraram na Bíblia um sentido para a sua vida e o encontraram. Se não o tivessem encontrado, não teríamos mais nenhum interesse pela Bíblia. Mas o contrário está acontecendo. Só no século XX, mais de um bilhão e quinhentos milhões de exemplares da bíblia já foram impressos e divulgados no mundo inteiro, traduzidos para mais de mil línguas diferentes.
Ora, um livro procurado e lido por tanta gente deve possuir um segredo muito importante para a vida. Pois, em geral, nós, homens e mulheres não somos tão bobos assim para continuar procurando num lugar onde se encontra! Qual é este segredo? Como fazer para descobri-lo? A Bíblia é como coco de casca dura. Esconde e protege uma água que mata a sede do romeiro cansado. Romeiros e peregrinos somos todos!
Cansados também! Vamos procurar o facão que nos quebra a casca deste coco!
PALAVRA DE DEUS
Em todas as épocas da história, sobretudo em épocas de crise como a nossa, voltamos a alimentar-nos da Bíblia. Pois acreditamos que este livro te a ver com Deus. A fé nos diz que a Bíblia é a palavra de Deus para nós. Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus (Mt 4,4). Uma palavra tem força e o valor daquele que a pronuncia. A palavra humana pode errar e enganar, pois o homem é fraco e não oferece segurança total. Mas a palavra de Deus não erra nem engana. Ela é prego seguro e firme que sustenta a vida de quem nela segura e por ela se orienta. Por isso, toda escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, repreender, corrigir, e educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e capacitado para toda boa obra
(2 Tm 3,16). Assim, pela paciência e consolação das escrituras, permanecemos firmes na esperança (Rm 15,4). Esperamos que um dia, a verdade e a justiça voltem a ser a marca da toda a palavra que sai da boca dos homens!
PERGUNTAS QUE SURGEM PARA QUEM VAI LER A BÍBLIA
A Bíblia é a palavra de Deus, mas, em canto nenhum da Bíblia, Deus colocou sua assinatura. Nunca ninguém viu o Espírito Santo em ação pra mover alguém a escrever. Então, como foi que o povo descobriu que Deus é o autor da Bíblia? Como entender esta convicção tão profunda da nossa fé? A certeza de que, quando leio a Bíblia, estou lendo ou ouvindo a palavra de Deus para nós. O que significa dizer que a Bíblia é a palavra inspirada de Deus? Foi Deus mesmo que pegou a caneta e papel para escrever? Como foi que surgiu a Bíblia? Qual a sua mensagem? Como a gente deve ler este livro sagrado? Quais as regras da sua interpretação? A palavra de Deus encontra-se tão-somente na Bíblia? São muitas perguntas. Vamos tentar esclarece-las, parte por parte.
ABREVIATURAS
Ab Abadias
Ag Ageu
Am Amos
Ap Apocalipse
At Atos dos Apóstolos
Br Baruc
Cl Colossenses
1Cor 1º Corintios
2Cor 2º Corintios
1Cr 1ºCrônicas
2Cr 2º Crônicas
Ct Cântico dos Cânticos
Dn Daniel
Dt Deuteronômio
Ecl Eclesiastes (Coélet)
Eclo Eclesiástico (Siracida)
Ef Efésios
Esd Esdras
Est Ester
Ex Êxodo
Ez Ezequiel
Fl Filipenses
Fm Filemon
Gl Gálatas
Gn Gênesis
Hab Habacuc
Hb Hebreus
Is Isaias
Jd Judas
Jl Joel
Jn Jonas
Jô Jó
Jô João
1Jo 1° João
2Jo 2° João
3Jo 3° João
Jr Jeremias
Js Josué
Jt Judite
Jz Juízes
Lc Lucas
Lm Lamentações
Lv Levítico
Mc Marcos
1Mc 1° Macabeus
2Mc 2° Macabeus
Ml Malaquias
Mq Miquéias
Mt Mateus
Na Naum
Ne Neemias
Nm Números
Os Oséias
1Pd 1°Pedro
2Pd 2°Pedro
Pr Provérbios
Rm Romanos
1Rs 1°Reis
2Rs 2°Reis
Rt Rute
Sb Sabedoria
Sf Sofonias
Sl Salmos
1Sm 1°Samuel
2Sm 2°Samuel
Tb Tobias
Tg Tiago
1Tm 1°Timóteo
2Tm 2°Timóteo
1Ts 1° Tessalonicenses
2Ts 2°Tessalonicenses
Tt Tito
Zc Zacarias
Outras Abreviaturas
AT Antigo Testamento
NT Novo Testamento
TM Texto Massorético
LXX Tradução Grega dos Setentas ou Septuaginta
Hebr. Hebraico
Lit. Literalmente
ms manuscrito
mss manuscritos
aC antes de Cristo
dC depois de Cristo
s seguinte: remete ao texto indicado
e ao versículo seguinte
p paralelo: texto paralelo indicado,
nos evangelhos sinóticos
Como ler as Citações Bíblicas
A vírgula separa capitulo de versículo; por ex: Mt 5,3 lê-se: Mateus capítulo 5, versículo 3.
O ponto e vírgula separa capítulos e livros: por ex: Mt 5,3; Lc 2,4; 3,8 lê-se: Mateus capítulo 5 versículo 3; Lucas capítulo 2, versículo 4 e capítulo 3, versículo 8.
O ponto, quando não serve de ponto final, separa versículo de versículo, não seguidos; por ex: Jô 7 14. 25. 31 lê-se: João capítulo 7, versículo 14, 25 e 31.
O hífen indica seqüência de versículo; por ex: Mateus 5, 2-4 lê-se: Mateus capítulo 5 versículos 2 a 4.
O travessão indica seqüência de um capítulo a outro: por ex: Mt 5,3 7,2 lê-se: Mateus capítulo 5, versículo 3 até capítulo 7, versículo 2; assim também Mt 5 7 lê-se: Mateus 5 a 7.
Livro da caminhada do povo
A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da terra, da vida do povo de Deus. Surgiu como fruto da inspiração divina e do esforço humano. Quem escreveu foram homens e mulheres como nós. Eles é que pegaram caneta e papel e escreveram o que estava no seu coração. A maior parte deles não tinha consciência de estar falando ou escrevendo sob a inspiração de Deus. Estavam só querendo prestar um serviço aos irmãos em nome de Deus. Eles eram pessoas que faziam parte de uma comunidade. Um povo, em formação, onde a fé em Deus e a prática da justiça eram ou, deviam ser o eixo da vida. Preocupados em animar está fé e em promover esta justiça, eles falavam e argumentavam para instruir os irmãos a criticar abusos, denunciar desvios,lembrar a caminhada que já foi feita e apontar novos rumos Alguns deles chegaram a escrever, eles mesmos, as suas palavra ao povo. Outros nem sabiam escrever. Só sabiam falar e animar a fé pelo seu testemunho. As palavras destes últimos foram transmitidas, oralmente, de boca em boca, durante muitos anos.
Só bem mais tarde outras pessoas decidiram fixá-las por escrito. As palavras faladas ou escritas de todos esses homens e mulheres contribuíram para formar e organizar o povo de Deus. Por isso, o povo se lembrou delas e por elas se interessou. Não permitiu que caísse em esquecimento. Fez questão de distingui-las das palavras e gestos de tantos outros que em nada contribuíram pra formação do povo, nem para a animação da fé e nem para a prática da justiça. Foi um longo processo. Muita gente colaborou. O povo todo se interessou.
Ora, a Bíblia foi surgindo do esforço comunitário de toda esta gente. Surgiu aos poucos misturada com a história do próprio povo de Deus. Resumindo, a gente pode dizer: a Bíblia nasceu da vontade do povo de ser fiel a Deus e a si mesmo, da preocupação de transmitir aos outros e a nós esta mesma vontade de ser fiel. Eles diziam: As coisas do passado aconteceram para servir de exemplo e foram escritas para advertir-nos, para quem chegou à plenitude dos tempos (1Cor 10,11), a Bíblia surgiu sem rótulo. Só mais tarde, o próprio povo descobriu aí dentro a expressão da vontade de Deus e a presença de sua palavra santa.
Livro inspirado por Deus.
Como é que um livro que surge da vida e da caminhada do povo pode ser, ao mesmo tempo, a palavra de Deus? Um agricultor resumiu a resposta nesta frase: Deus fala misturado nas coisas: os olhos percebem as coisas, mas a fé enxerga Deus que nos fala! A ação do Espírito de Deus pode ser comparada com a chuva; cai do alto, penetra no chão e acorda a semente que produz a planta (cf. Is 55, 10-11).A palavra é fruto, ao mesmo tempo da chuva, do chão, do céu e da terra. A Bíblia é fruto, ao mesmo tempo, da ação gratuita de Deus e do esforço suado dos homens. E, palavra do Deus do povo é do povo de Deus. A ação do Espírito de Deus pode ser comparada com o sol: seus raios invisíveis esquentam a terra e fazem crescer as plantas de baixo para cima. Pode ser comparada ainda com o vento que não se vê. A Bíblia é fruto do vento invisível de Deus que moveu os homens a agir, a falar ou a escrever. Até hoje, o Espírito de Deus nos atinge quando lemos a Bíblia. Ele nos ajuda a ouvir e a praticar a palavra de Deus.
Sem ele, não é possível descobrir o sentido que a Bíblia tem para nós (cf. Jo 16, 12-13; 14,26). O Espírito de Santo não se compra nem se vende (cf. At 8,20), nem é fruto de estudo. É um dom de Deus que deve ser pedido em oração (cf. Lc 11,13).
A lista dos livros inspirados
Em vista da fidelidade a Deus, e a si mesmo, o povo foi fazendo uma seleção daqueles escritos que eram considerados de grande importância para sua caminhada. Assim surgiu uma lista de livros reconhecidos por todos, Como sendo expressão de fé, de convicções, da sua história, das suas leis, do seu culto, da sua missão. Lidos e relidos nas reuniões e nas celebrações do povo, os livros desta lista foram adquirindo, aos poucos, uma grande autoridade. Eram o patrimônio sagrado do povo, porque lhes revelavam a vontade de Deus. Daí vem a expressão Escritura Sagrada.
Nós dizemos lista. Eles usavam uma palavra grega e diziam cânon, que quer dizer lista ou norma. Os livros canônicos (cânon) eram a norma da fé e da vida do povo. Ora esta lista de livros sagrados recebeu amais tarde o nome de Bíblia.
A Bíblia é o resultado final de uma longa caminhada, fruto da ação de Deus que quer o bem dos homens que querem conhecer e praticar a vontade de Deus, ou seja, a Bíblia é fruto de um mutirão prolongado do povo que procurava descobrir, praticar, escrever e transmitir aos outros e a nós a palavra de Deus presente na vida. Vamos ver alguns aspectos deste mutirão do povo que Deus origem a Bíblia.
Quem
escreveu?
Não foi uma única pessoa que escreveu a Bíblia. Muita gente deu a sua contribuição: homens e mulheres, jovens e velhos, pais e mães de família, agricultores e operários de várias profissões, gente instruída que sabia ler, escrever, gente simples que só sabia contar histórias; gente viajada e gente que nunca saiu de casa; sacerdotes e profetas, reis e pastores, pobres e ricos, gente de todas as classes, mas todos convertidos e unidos na mesma preocupação de construir um povo irmão, onde renascem a fé e a justiça, o amor e a fraternidade, a verdade e a fidelidade, e onde não houver opressor nem oprimido.
Todos deram a sua colaboração, cada um do seu jeito. Todos foram professores e alunos, uns dos outros. Mas aqui e acolá, percebemos como alguns, às vezes, puxa brasa um pouquinho para seu lado.
Quando
foi escrita?
A Bíblia não foi escrita de uma só vez. Levaram muito tempo, mais de mil anos. Começou em torno do ano 1250 antes de Cristo, e o ponto final só foi colocado cem anos depois do nascimento de Jesus. Alias, é muito difícil saber quando começaram a escrever a Bíblia... Pois antes de ser escrita, a Bíblia era narrada e contada nas rodas de conversa e nas celebrações do povo. E antes de ser narrada e contada, ela foi vivida por muitas gerações num esforço teimoso e fiel de colocar Deus na vida e de organizar a vida de acordo com a justiça.
No começo, o povo não fazia muita distinção entre contar e escrever. O importante era expressar e transmitir aos outros a nova consciência comunitária, nascida neles a partir do contato com Deus. Faziam isto contando aos filhos os fatos mais importantes do seu passado. Como nós, hoje, descobrimos a letra dos cânticos, assim eles decoravam e transmitiam as histórias, as leis, às profecias, os salmos, os provérbios e tantas outras coisas que, depois, foram escritas na Bíblia. A Bíblia saiu da memória do seu povo. Nasceu da preocupação de não esquecer o passado.
Onde foi
escrita?
A Bíblia não foi escrita no mesmo lugar,. Mas em muitos lugares e países diferentes. A maior parte do antigo Testamento e do Novo Testamento foi escrita na Palestina, a terra onde o povo vivia, por onde Jesus andou e onde nasceu a Igreja. Algumas partes do Antigo Testamento foram escritas na Babilônia, onde o povo viveu no cativeiro no século VI antes de Cristo. Outras partes foram escritas na Síria, na Ásia Menor, na Grécia e na Itália, onde havia muitas comunidades, fundadas ou visitadas pelo apóstolo São Paulo.
Ora, os costumes, a cultura, a religião, a situação econômica, social e política de todos estes povos deixaram marcas na Bíblia e tiveram a sua influencia na maneira de a Bíblia apresentar a mensagem de Deus aos homens.
Em que língua
foi escrita?
A Bíblia não foi escrita numa única língua, mas em três línguas diferentes. A maior parte do Antigo Testamento foi escrita em Hebraico. Era a língua que se falava na Palestina antes do cativeiro. Depois do cativeiro, o povo de lá começou a falar aramaico. Mas a Bíblia continuou a ser escrita, copiada e lida em hebraico. Para que o povo pudesse ter acesso a Bíblia, foram criadas escolinhas em toda a parte. Jesus deve ter freqüentado a escolinha de Nazaré para aprender o Hebraico, só uma parte bem pequena do Antigo Testamento foi escrita em aramaico. Um único livro do Antigo Testamento, o livro da Sabedoria, e todo Novo Testamento foram escrito em grego. O grego era a nova língua do comércio que invadiu o mundo daquele tempo, depois das conquistas de Alexandre Magno, no século IV antes de Cristo.
Assim, no tempo de Jesus, o povo da Palestina falava o aramaico em casa, usava o hebraico na leitura da Bíblia, e o grego no comércio e na política.
Quando os apóstolos saíram da Palestina para pregar o evangelho aos outros povos, eles adotaram uma tradução grega do Antigo Testamento, feita no Egito no século III antes de Cristo para os judeus imigrantes que já não atendiam mais o hebraico nem o aramaico. Esta tradução grega é chamada Septuaginta ou Setenta. Na época em que foi feita, a lista (cânon) dos livros sagrados ainda não estava concluída. E assim aconteceu que a lista dos livros desta tradução grega ficou mais comprida do que a lista da Bíblia Hebraica.
É desta diferença entre a Bíblia hebraica da Palestina e a Bíblia Grega do Egito, que veio a diferença entre a Bíblia dos protestantes e a Bíblia dos católicos. Os protestantes preferiram a lista mais curta e mais antiga da Bíblia hebraica, e os católicos, seguindo o exemplo dos apóstolos, ficaram com a lista mais comprida da tradução grega dos Setentas. Há setes livros a mais na Bíblia dos católicos: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, os dois livros dos Macabeus, alem de algumas partes de Daniel e de Ester. São chamados deuterocanônicos, isto é, são da segunda (dêutero) lista (cânon).
O assunto da Bíblia
o assunto da Bíblia não é só doutrina sobre Deus. Lá dentro tem de tudo: doutrina, histórias, provérbios, profecias, cânticos, salmos, lamentações, cartas, sermões, meditações, biografias, genealogias, poesias, parábolas: comparações, tratados, contratos, leis para organização do povo, leis para o bom funcionamento da liturgia, coisas do futuro. Enfim, tudo que da para rir e chorar. Tem trechos na Bíblia que querem comunicar alegria, esperança, coragem e amor; outros trechos que vem denunciar erros, pecados, opressões e injustiças. Há paginas que foram escritas pelo gosto de contar uma bela história para descansar a mente do leitor e provocar nele um sorriso de esperança.
A Bíblia parece um álbum de fotografias. Muitas famílias possuem um álbum assim ou, ao menos, tem uma caixa onde guardam as suas fotografias, todas misturadas, sem ordem. De vez em quando, os filhos despejam tudo na mesa para olhar e comentar as fotografias. Os pais têm que contar a história de cada uma delas. A Bíblia é uma álbum de fotografias da família de Deus. Nas suas reuniões e celebrações, o povo olhava as suas fotografias, e os pais contavam as histórias. Era o jeito de integrar os filhos no povo de Deus e de transmitir-lhes a consciência da sua missão e da sua responsabilidade.
A Bíblia não fala só de Deus que vai em busca do seu povo, mas também do povo que vai em busca do seu Deus e que procura organizar-se de acordo com a vontade divina. Ela conta as virtudes e os pecados, os acertos e os enganos, os pontos altos e os baixos. Nada esconde, tudo revela. Conta os fatos do jeito que foram lembrados pelo povo. Histórias de gente oprimida que procura libertar-se.
A Bíblia é tão variada como variada é a vida do povo. A palavra BÍBLIA vem do grego e quer dizer LIVROS. A Sagrada Escritura tem 73 livros. È quase uma biblioteca; poucas bibliotecas comunitárias têm a variedade dos 73 livros da Bíblia!
A semente da Bíblia
Longo e demorado foi o mutirão do povo, do qual surgiu a Bíblia. Surgiu como surgem árvores. Elas nascem de uma semente bem pequena, escondida no chão, e crescem até esparramar os seus 73 galhos pelo mundo inteiro.
O chamado de Deus que deu início ao mutirão do povo é a palavra de Deus dirigida a todos os homens até hoje. Este apelo de Deus, escondido no chão da vida, foi descoberto primeiro por Abraão, depois por Moisés e pelo povo oprimido no Egito. Eles deram a sua resposta e fizeram nascer o começo do povo de Deus. Uma vez nascido o povo trataram de não deixar morrer a semente. Os coordenadores convocavam a comunidade, os pais reuniam os filhos para transmitir a seguinte mensagem: Nós éramos escravos do Egito. Gritamos ao Deus dos nossos Pais, e Ele ouviu a nosso Clamor. Chamou Moisés e com a ajuda de Deus e de Moisés, conseguimos a nossa libertação. Deus fez uma aliança conosco: Ele quer ser o nosso Deus, e nós temos que ser seu povo, observando a sua Lei, vivendo como irmãos!.
Esta mensagem é o veiozinho verde que brotou da semente. E o núcleo da fé do povo de Deus. Uma história de libertação, da qual nasceu um compromisso mútuo! Semente bem pequenina! Cabia em umas poucas frases! Mas esta história foi contada e cantada, em prosa e verso, de mil maneiras, pelo povo libertado. Foi daí que nasceram os 73 livros da Bíblia, que hoje se esparramam pelo mundo inteiro, oferecendo sombra, alimento e proteção a quem o deseja. Nasceram, para que também nós possamos descobrir hoje o mesmo apelo de Deus, em nossa vida e para que iniciemos a mesma caminhada de libertação.
O adubo que fez crescer
a semente da Bíblia
Não é qualquer chão que serve para que uma árvore possa crescer o canteiro, onde a semente da Bíblia criou raízes e de onde lançou os seus 73 galhos em todo os setores da vida. Foi a celebração do povo oprimido, ansioso de se libertar.
A maior parte de Bíblia começou a ser decorada para poder ser usada nas celebrações, e foi escrito ou colecionada por sacerdotes e levitas, o responsável pela celebração do povo. Alem disso, as romarias e as peregrinações, os santuários com as procissões, as festas e as grandes celebrações da aliança, o templo e as casas de oração (sinagoga) os sacrifícios e os ritos, os salmos e os cânticos, a catequese em família e o culto semanal, a oração e a vivência da fé. Tudo isso marca a Bíblia, do começo ao fim!
O coração da Bíblia é o culto é o culto do povo! Mas não qualquer culto. É o culto ligado à vida do povo, onde este se reunia para ouvir a palavra de Deus e cantar as suas maravilhas, onde ele tomava consciência da opressão em que a vivia ou que ele mesmo impunha aos irmãos onde ele fazia penitencia, mudava de mentalidade e renovava o seu compromisso de viver como povo irmão onde reabastecia sua fé e alimentava a sua esperança, celebrava as suas vitórias e agradecia a Deus pelo dom da vida.
É também no culto que deve estar o coração da interpretação da Bíblia. Sem este ambiente de fé e de oração e sem esta consciência bem viva da opressão que existe no mundo, não é possível agarrar a raiz de onde brotou a Bíblia, nem é possível descobrir a sua mensagem central.
A mensagem central da Bíblia
Qual é, em poucas palavras a mensagem central da Bíblia? A resposta não é fácil, pois depende da vivência. Se você gosta de uma pessoa e alguém lhe pergunta: Qual é, em poucas palavras, a mensagem desta pessoa para você? , aí não é fácil responder. O resumo da pessoa amada É O SEU NOME! Basta ouvir, lembrar ou pronunciar o seu nome e este lhe traz a memória tudo o que a pessoa amada significa para você. Não é assim? Pois bem, o resumo da bíblia, a sua mensagem central, é o nome de Deus!
O nome de Deus é Javé, cujo sentido Ele mesmo revelou e explicou ao povo, (cf. Ex 3,14). Javé significa Emanuel, isto é, Deus conosco, Deus presente no meio de seu povo para libertá-lo. Deus quer ser Javé para nós, quer ser presença libertadora no meio de nós! E Ele deu provas bem concretas de que é a sua vontade. A primeira prova foi a libertação do Egito. A última ta sendo até hoje, a ressurreição de Jesus, chamado Emanuel (cf. Mt 1,23). Pela ressurreição de Jesus, Deus venceu as forças da morte e abriu para nós o caminho da vida.
Por tudo isso é difícil resumir em poucas palavras aquilo que o nome de Deus evocava na mente, no coração e na memória do povo por Ele libertado. Só mesmo o povo que vive e celebra a presença libertadora de Deus no seu meio, pode avaliá-lo.
Na nossa Bíblia, o nome Javé foi traduzido por Senhor. É a palavra que mais ocorre na Bíblia. Milhares de vezes! Pois o próprio Deus falou. Este é o meu nome para sempre! Sob este nome quero ser invocado, de geração em geração! (Ex 3,15). Faz um bem tão grande você ouvir, lembrar pronunciar o nome da pessoa amada. Aquilo tanto ajuda na vida! Da força e coragem, consola e orienta, corrige e confirma. Um nome assim não pode ser usado em vão! Seria uma blasfêmia usar o nome de Deus para justificar a opressão do povo, pois Javé significa Deus libertador!
O nome Javé é o centro de tudo. Tantas vezes Deus afirma: Eu quero ser Javé para vocês, e vocês devem ser o meu povo! Ser povo de Javé significa: ser um povo onde não há opressão como no Egito; onde o irmão não explora o irmão onde reinam a justiça, o direito, a verdade e a lei dos dez mandamentos, e o amor a Deus é igual ao amor ao próximo. Esta é a mensagem central da Bíblia e o apelo que o nome de Deus faz a todos aqueles que querem pertencer ao seu povo.
A esperança dos profetas
Caindo e levantando, o povo foi andando, procurando ser o povo de Deus e buscando atingir para si e para os outros bens, da promessa divina. Muitas vezes, porém, esquecia, o chamado de Deus e se acomodava. Em vez de servir a Deus, queria que Deus servisse o projeto que eles mesmos tinham inventado. Invertiam a situação. E nestas horas que surgiam os profetas para denunciar o erro e para anunciar de novo a vontade de Deus ao povo.
A Bíblia conserva a palavra de quatro profetas chamado maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel e de doze menores: muitos outros profetas são mencionados na Bíblia. O maior deles foi Elias. Os profetas cujos nomes, gestos e palavras foram, conservados são como flores. Elas supõem um chão, uma semente e uma planta. O chão, a semente e a planta destes profetas são as comunidades que lhe transmitiram a fé, são os inúmeros profetas locais, cujo nomes foram esquecidos. É como hoje. Os grandes profetas são conhecidos, no país inteiro, mas eles só puderam surgir graças ao povo anônimo e fiel das comunidades.
Diante das faltas constantes do povo, desviado por seus falsos líderes, os profetas começaram a alimentar, no povo uma esperança. Diziam: - no futuro, o projeto de Deus será realizado através de um enviado especial, um novo líder, fiel e verdadeiro, chamado o Messias.
Foram estas a esperanças maiores, alimentadas pelos profetas, que sustentaram o resto fiel do povo e o ajudaram a superar as duras crises da sua caminhada. O resto fiel eram, sobretudo, os pobres que depositavam a sua esperança unicamente em Deus (cf Sf 3,12). Como a mãe enfrenta as dores de parto, porque tem amor à vida nova que ela carrega dentro de si, assim os pobres enfrentavam as dores da caminhada, porque tinham amor a promessa divina que eles carregavam dentro de si. Eles acreditavam na vida nova que dela haveria de surgir para todos os homens. E ela chegou, finalmente, em Jesus, o Messias.
A esperança dos pobres se realiza em Jesus e nas comunidades
Para realizar a missão do Messias, Deus não mandou qualquer um. Mandou o seu próprio Filho! Jesus. O filho de Deus realizou a promessa do Pai; trouxe a libertação para o povo e anunciou a Boa Nova do Reino ao pobres.
A pregação de Jesus não agradou a todos, Os doutores da Lei, os fariseus, os saduceus e os sacerdotes imaginavam a vinda do Reino como uma simples inversão da situação, sem mudança real no relacionamento entre homens e entre os povos. Eles os judeus, dominados pelos romanos, ficaram por cima e seriam os senhores do mundo e os que estavam por cima ficariam por baixo.
Mas não era assim que Jesus entendia o Reino do Pai. Ele queria uma mudança radical. Para Ele, o povo de Deus tinha de ser um povo irmão e servidor, e não um povo dominador a ser servido pelos outros povos (cf Mt 20,28).
Jesus iniciou esta mudança: colocou-se do lado dos pobres, marginalizados pelo sistema dos lideres judeus, denunciou este sistema como contrário a vontade do Pai e convocava a todos para mudar de vida. Mas os grandes não quiseram. O que era Boa Notícia para os pobres era má notícia para os grandes, pois Jesus exigia deles que abandonassem os seus privilégios injustos e as suas idéias de grandeza e de poder. Eles preferiam as suas próprias idéias, rejeitaram o apelo de Jesus e o mataram na cruz com o apoio dos romanos.
Foi aí que o Pai mostrou de que lado ele estava. Usando o seu poder que protege a vida, ressuscitou Jesus. Animados por este mesmo poder de Deus que vence a morte, os seguidores de Jesus, os primeiros cristãos, organizaram a sua vida em pequenas comunidades, viviam em comunhão fraterna, tinham tudo em comum e já não havia maias necessitados entre eles (cf. At 2,42-44).
Assim, a vida nova, prometida no antigo Testamento e trazida por Jesus, apareceu aos olhos de todos na vida dos primeiros cristãos. Eles se tornaram a carta de Cristo, reconhecida e lida por todos os homens (cf. 2Cor 3,2-3). Neles apareceu o Novo Testamento na vida comunitária dos primeiros cristãos, sustentada pela fé em Jesus, vivo no meio deles, que apareceu uma amostra clara do projeto que o pai tinha quando chamou Abraão e quando decidiu libertar o seu povo do Egito.
Jesus trouxe a chave para o povo poder entender o sentido verdadeiro da longa caminhada do antigo testamento. Os primeiros cristãos, usando esta chave, conseguiram abrir a porta da bíblia e souberam entender e realizar a vontade do pai. O Antigo Testamento é a flor que nasceu do botão. Um se explica pelo outro. Um sem o outro não se entendem. Como eles, assim também nós devemos reler a nossa história a luz de Cristo, com a ajuda da Bíblia, e tentar descobrir dentro dela o apelo de Deus, desde o seu começo.
Como ler com
proveito a Bíblia?
A experiência da ressurreição, vivida em comunidade, foi o grande estalo que iluminou os olhos e revelou aos cristãos o sentido da Bíblia e da vida. A história dos discípulos de Emaús mostra isso bem claramente, pois Jesus aparece aí como o intérprete da Bíblia e da vida.
Quando, no dia da Páscoa, os dois discípulos andavam pela estrada, Jesus caminhava com eles, mas eles não o reconheceram (cf. Lc 24,15-16). Faltava a luz nos olhos. Faltava a experiência da ressurreição quando finalmente, o reconheceram na partilha do pão, Jesus desapareceu (cf. Lc 24, 30-31). Pois nesta hora, Jesus entrou para dentro deles, e eles mesmos ressuscitaram. Venceram o desânimo e voltaram para Jerusalém, onde estavam os poderes que, matando Jesus, tinham matado neles a esperança, mas eles já não os temiam. Neles estava a força maior, a força da vida que vence a morte.
A Bíblia teve um papel muito importante nesta transformação que se operou nos dois discípulos. Jesus usou a Bíblia não só para enriquecer os dois com idéias bonitas, mas muito mais para suscitar neles aquela mudança do medo para coragem, do desespero para a esperança, da separação para o reencontro, da fuga para o enfrentamento, da morte para a vida. Vale a pena a gente ver mais de perto o jeito como Jesus usou a Bíblia. Ele serve de modelo para nós.
O primeiro círculo Bíblico
A conversa com os dois discípulos de Emaús foi o primeiro Círculo Bíblico. Nele aparecem três pontos que devem estar sempre presentes na leitura e na interpretação que fazemos da Bíblia.
1. Reflexão sobre a realidade: Jesus soube criar um ambiente de conversa e, com muito jeito, forçou os dois a falar sobre os problemas da vida que eles estavam sentindo. Na conversa apareceu toda realidade: a tristeza, o desânimo, a frustração dos dois, a sua falsa esperança de um messias glorioso, a decisão do governo e dos sacerdotes de condenar Jesus, a cruz e a morte, a conversa das mulheres que provocou espanto,, a incapacidade dos dois em crer nos pequenos sinais de esperança (cf. Lc 24,13-24).
2. Estudo da própria Bíblia: Jesus usou a Bíblia não tanto para interpretar os fatos da vida e animar os dois rapazes. Refletiu com eles, fez ver que estavam errados na sua maneira de explicar os fatos e mostrou com a luz da Bíblia que os fatos não estavam naqueles textos de Moisés e dos profetas que pudessem trazer alguma luz para a situação de tristeza e mudar as idéias erradas que tinham na cabeça. Jesus não teve medo de criticar interpretações erradas da Bíblia, pois o texto bíblico tem um sentido certo que deve ser respeitado para evitar que se manipule o texto em favor das próprias idéias, como os judeus faziam. (cf. Lc 24,25-27).
3. Vivência comunitária da fé na Ressurreição: Jesus andou com eles, conversou, criou um ambiente de abertura e teve a paciência de escutá-los. Falando da vida e da Bíblia, agradou tanto que o coração dos dois se esquentou e eles chegaram a convidá-lo para o jantar. Ficou com eles, sentou à mesa, rezou com eles e fez a partilha do pão, como se tornou costume entre os cristãos que tinham tudo em comum. Jesus não só falou, mas colocou gestos bem concretos de amizade. Ora, tudo isso é o ambiente da comunidade, onde se procura viver com irmãos. É aí que se faz a experiência da ressurreição, do Cristo vivo no meio de nós; a experiência de Javé, Deus libertador(cf. Lc 24,28-32).
Quando estes três elementos estão presentes na interpretação Bíblica, aí ela atinge o seu objetivo e acontece o milagre da mudança: os discípulos descobrem a força da palavra de Deus presente nos fatos, e começam a praticá-la e tudo se transforma: os olhos se abrem, as pessoas mudam; a cruz, vista como sinal de morte e desespero, torna-se sinal de vida e de esperança; op medo desaparece, a coragem reaparece, as pessoas se unem, se reencontram e começam a partilhar entre si a sua experiência de ressurreição; os poderes que oprimem e matam já não causam desânimo. Os dois discípulos começaram a reler a sua caminhada e descobrem que tudo começou quando Jesus falava com eles sobre a Bíblia; a fé afirma, a esperança se renova e o amor abre novos caminhos (cf. Lc 24,33-35).
A REFLEXÃO SOBRE A REALIDADE:
Interpretar a Bíblia, sem olhar a realidade da vida, é o mesmo que manter o sal fora da comida, a semente fora da terra, a luz debaixo da mesa; é como galho sem tronco, olhos sem cabeça, rio sem leito.
Pois a Bíblia não é o primeiro livro que Deus escreveu para nós, nem o méis importante. O primeiro livro é a natureza, criada pela palavra de Deus; são os fatos, os acontecimentos, a história, tudo que existe e acontece na vida do povo; é a realidade que nos envolve. Deus que comunica-se conosco através da vida que vivemos. Por meio dela, Ele nos transmite a sua mensagem de amor e de justiça.
Mas nós, homens, por causa dos nossos pecados, organizamos o mundo de tal maneira e criamos uma sociedade tão torta, que já não é mais possível perceber claramente a voz de Deus nesta vida que vivemos. Por isso, Deus escreveu um segundo livro que é a Bíblia. O segundo livro não veio substituir o primeiro. A Bíblia não veio ocupar o lugar da vida. A Bíblia foi escrita para nos ajudar a entender melhor o sentido da vida e perceber a presença da palavra de Deus dentro da nossa realidade.
Santo Agostinho resumiu tudo isso da seguinte maneira: a Bíblia, o segundo livro de Deus, foi escrito para nos ajudar a decifrar o mundo, para nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e para transformar toda a realidade numa grande revelação de Deus.
Por isso, quem lê e estuda a Bíblia, mas não olha a realidade do povo oprimido nem luta pela justiça e pela fraternidade, é infiel à palavra de Deus e não imita Jesus Cristo. Ele é semelhante aos fariseus que conheciam a Bíblia de cor, mas não praticavam.
O ESTUDO DA PRÓPRIA BÍBLIA
O estudo da Bíblia deve ser feito com muita seriedade e disciplina. Considere a leitura que você faz da bíblia como a conversa sua com Deus. Ora, quando a gente conversa com alguém deve tomar as palavras do outro jeito que elas são ditas por ele. Eu não posso colocar as minhas idéias dentro das palavras do outro. Isto seria uma falta de honestidade. Não posso tirar do texto nenhum sentido, a não ser aquele que está dentro do texto. Convém ser severo e exigente consigo mesmo neste ponto. Nunca manipular o texto em favor das suas idéias!
Mas um texto pode ser lido com duas mentalidade: a avarenta de um pão duro ou a generosa de um mão aberta. A gente deve ser generoso e nunca avarento na interpretação da Bíblia. Isto quer dizer: ler não só nas linhas, mas também nas entrelinhas. Em todo texto sempre há duas coisas: as coisas ditas abertamente nas linhas, e as coisas ditas veladamente nas entrelinhas. As duas vêm do autor do texto, e as duas são igualmente importantes.
Como descobrir o que o autor diz nas entrelinhas? Usando a inteligência, o coração e a imaginação, perguntando sempre:
1. Quem é que está falando ao texto e a quem?
2. O que ele está querendo dizer e o porque?
3. Em que situação ele está falando ou escrevendo e qual o jeito que ele usa para dar o seu recado?
4. Qual o ambiente que ele cria por meio das suas palavras e qual o interesse que defende e cria por meio das palavras?
Esta e outras perguntas ajudam a gente a puxar a cortina e a perceber o que existe nas entrelinhas do texto bíblico.
Além disso, as introduções de cada livro, as notas ao pé das paginas, as referencias para outros textos bíblicos, os mapas geográficos e o vocabulários que você encontra no fim da Bíblia, foram feitos para ajudá-los na descoberta do sentido certo e exato do texto. E aqui convém lembrar o seguinte: nadar se aprende nadando. O conhecimento da Bíblia se adquire através de uma prática constante de leitura, se possível diária.
A VIVENCIA COMUNITÁRIA DA FÉ NA RESSURREIÇÃO
Este terceiro ponto, muitas vezes esquecido, é muito importante. È como a caixa de ressonância de um violão. Sem ela, as cordas das palavras bíblicas não produzem a música de Deus no coração do leitor. Como criar esta caixa de ressonância da interpretação da Bíblia?
1. Jesus soube criar um ambiente de amizade e de abertura, onde ele pode ler a Bíblia junto aos dois discípulos de Emaús. Este é o primeiro passo: criar um ambiente de amizade e de abertura entre as pessoas, não para esconder os problemas da vida atrás de um sorriso, mas para poder discuti-los e enfrentá-los, mesmo que for preciso ir a Jerusalém, da noite, na escuridão.
2. A Bíblia surgiu da caminhada de um povo oprimido que, apoiado na promessa de Deus, buscava a sua libertação. A sua interpretação deve ser feita a partir do povo crente e oprimido que hoje busca libertação. A interpretação da Bíblia não pode ser neutra, nem pode ser fermento de Deus neste processo de conversão e de mudança da morte para a vida, do medo para a coragem, do desespero para a esperança, da opressão para a liberdade, que hoje marca a vida das nossas comunidades.
3. A Bíblia nasceu dentro de uma comunidade de fé. É só com o olhar de fé desta mesma comunidade que pode ser captada e entendida plenamente a sua mensagem. Este olhar não se compara com dinheiro nem com estudo. Adquire-se vivendo na comunidade, participação da sua caminhada e das suas lutas. Mesmo quando leio a Bíblia sozinho, devo lembrar sempre que estou lendo o livro da comunidade. Ninguém tem o direito de explicar a Bíblia do jeito que convém só a ele, contrário aos interesses da comunidade, pois a Bíblia não é propriedade privada de ninguém. Ela só foi entregue aos cuidados do povo de Deus, para que este realize sua missão libertadora, e revele aos olhos de todos a presença de Javé, o Deus vivo e verdadeiro. Com outras palavras, a Bíblia deve ser interpretada de acordo com o sentido que lhe dá a comunidade e a igreja, O modo de pensar das comunidades do Brasil e da América Latina dói resumido em Medellín e Puebla. O modo de pensar das comunidades do mundo inteiro é definido pelos Concílios Ecumênicos e pela palavra autorizada dos papas.
4. A Bíblia é antes de tudo, a palavra de Deus para nós. Por isso, a sua interpretação e leitura devem ser feitas com convicção de fé que Deus nos fala por meio da Bíblia. E ele fala não para que nos fechemos no estudo e na leitura da Bíblia, possamos descobrir a palavra viva de Deus dentro da história da nossa comunidade e do nosso povo...
5. A interpretação da Bíblia não depende só da inteligência e do estudo, mas também do coração e da ação do Espírito Santo. O Espírito de Jesus deve ter a oportunidade de nos falar quando lemos a Bíblia. Por isso além do estudo e da troca de idéias, a leitura da bíblia deve ter os momentos de silencio e de oração, e de canto e de celebração, de troca de experiência e de vivência.
PALAVRAS DE ORIENTAÇÃO E CONSOLO
Na palavra de Deus você encontra quando:
ANCIOSO E IMPACIENTE
Salmos 13; 37, 3-5;
Mateus 6,25-34;
Romanos 5,3-5;
Filipenses 4,6-7;
Tiago 5,7-11;
1Pedro 5,6-7.
PREOCUPADO COM O DINHEIRO
Eclesiastes 5,10;
1 Timóteo 6,6-10;
Hebreus 13,5-6.
COM MEDO
Salmos 4,8;
Isaías 41.13;
Lucas 8,22-25;
João 14,27;16,33;
Romanos 8,1.31-39
RECEIA TESTEMUNHAR SUA FÉ EM JESUS
Isaías 55,10-11;
Jeremias 1,4-9;
Mateus 5,11-12; 10,16-20;
Romanos 10.8-15.
SOLITÁRIO
Salmos 10,12-14; 25,16-18; 68,4-6; 146;
Mateus 28,20;
João 14,18-19;
1 Pedro 5,7.
ANGUSTIADO E SOFRENDO
Mateus 5,4;
Romanos 8,31-39;
2 Coríntios 1,3-6; 4,16-18; 12,7-10;
Tiago 1, 2-4;
Apocalipse 2,10.
DOENTE
Salmos 41,1-3; 8,19-20; 103,1-5; 146;
Isaías 54,10;
Romanos 5,1-5;
Tiago 5,14-15
1 Pedro 5,10-11.
EM SITUAÇÃO DE DOENÇA TERMINAL
Salmos 23;
Romanos 8,18-30;
2 Coríntios 5,1-10.
SOFRENDO POR CAUSA DE MORTE DE ALGUÉM
João 11,25-26;
1 Coríntios 15,50-58;
1 Tessalonicenses 4, 13-18.
VIVE UMA SITUAÇÃO DE DESGRAÇA TOTAL
Jó 1,13-22;
Isaías 55,8-9
Romanos 8,28.
DE SAÍDA PARA UMA VIAGEM
Salmos 46,1-3; 91,1-6.14-16; 121.
ENFRENTANDO UMA TENTAÇÃO
Romanos 13,1-2;
1 Coríntios 10,12-13;
Hebreus 2,17-18; 4,14-16;
Tiago 1,12-15; 4,7.
NÃO PARTICIPA DE CULTOS DE ADORAÇÃO A DEUS
Salmos 26,8; 84; 133,1;
Efésios 3.16-17;
Hebreus 10,23-25.
PRECISA DE ORIENTAÇÃO
Salmos 16; 25,4-10; 32,8; 119,105;
Isaías 30,21.
PRECISA TOMAR DECISÕES
Provérbios 3.5-6; 16,3;
1 Coríntios 10,31;
Gálatas 6,10;
Tiago 1,5-8.
COM RAIVA
Mateus 5.44-48;
Romanos 12.17-21
1Coríntios 13;
Colossenses 3,12-17;
Tiago 1,19-20.
COM INVEJA
Salmos 49,16-20;
Tiago 3,13-18.
SE SENTE CULPADO
Salmos 32; 51; 130;
Isaías 1,18;
Lucas 15;
João 6,37;
1 João 1, 8 2,2.
PENSA QUE DEUS O ABANDONOU
Salmos 22,1-11; 139,1-12;
Isaías 49,14-16;
Filipenses 4,10-13;
Hebreus 10,19-26.
CANSADO E DESANIMADO
Salmos 34,15-22;
Isaías 40,25-31;
Mateus 11,28-30;
Hebreus 12,1-3.
PROCURANDO O CAAMINHO PARA O CÉU
João 3,16; 14,5-6;
Romanos 6,20-23; 10,913;
Efésios 2,8-9.
QUERENDO SABER COMO ORAR
Mateus 6,5-15; 7,7-11;
Marcos 14,36;
João 15,7
Filipenses 4,6-7;
1 Tessalonicenses 5,17;
1 João 5.14-15.
AGRADECIDO PELAS BENÇÃOS DE DEUS
Salmos 98; 10; 103;
1 Tessalonicenses 5,16-18.
PLANO DE LEITURA DA BÍBLIA
Por que ler a bíblia
Porque por meio dela conhecemos Deus e ficamos sabendo o que ele exige de nós e também o que ele promete: 2 Timóteo 3,16; João 5,39; 2 Pedro 1,4.
Porque nela encontramos revelado o amor de Deus pelo ser humano: João 3,16 e 20,9-21.
Porque nela somos ensinados e habilitados a viver o mais alto conceito de amor: Mateus 5,43-48; 1Coríntios 13; Romanos 12,9-21.
Porque nela encontramos mensagens de consolo e de paz: João 14.
Porque suas palavras falam ao coração angustiado e o consola: Salmos 103.
Porque nela se encontram os princípios para a vida de felicidade e harmonia no lar: Efésios 5,22 a 6,4.
Como ler a Bíblia
Antes de iniciar, ore para que Deus oriente e abençoe na leitura e, ao terminar, agradeça-lhe as bênçãos recebidas através da leitura.
Leia com reverência e humildade e, sempre que possível, procure ler trechos que tenham sentido completo.
Leia a sua Bíblia todos os dias, medite naquilo que você está lendo e construa sua vida sobre as promessas e os ensinamentos que ela lhe apresenta.
Para ler a Bíblia toda em um ano, leia cinco capítulos por dia.
Procure equilibrar suas leituras lendo alternadamente livros ou passagens do Antigo Testamento e o Novo Testamento.
Marque sempre no Quadro de Leitura da Bíblia o capítulo ou os capítulos que você acabou de ler.
QUADRO DE LEITURA DA BÍBLIA
Antigo Testamento
Gênesis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
46 47 48 49 50
Êxodo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
Levítico 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Números 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36
Deuteronômio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34
Josué 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24
Juízes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21
Ruth 1 2 3 4
1 Samuel 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24
2 Samuel 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24
1 Reis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22
2 Reis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
1 Crônicas 1 2 3 4 5 .6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
2 Crônicas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36
Esdras 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Neemias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tobias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Judite 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16
Ester 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Macabeus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16
2 Macabeus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Jó 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42
Salmos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75
76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105
106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120
121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135
136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150
Provérbios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31
Eclesiastes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Sabedoria 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19
Eclesiástico 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
47 48 49 50 51
Isaías 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
61 62 63 64 65 66
Jeremias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
46 47 48 49 50 51 52
Baruc 1 2 3 4 5 6
Ezequiel 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
46 47 48
Daniel 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Oséias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Joel 1 2 3
Amós 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Obadias 1
Jonas 1 2 3 4
Miquéias 1 2 3 4 5 6 7
Naum 1 2 3
Habacuque 1 2 3
Sofonias 1 2 3
Ageu 1 2
Zacarias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Malaquias 1 2 3 4
Novo Testamento
Mateus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Marcos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16
Lucas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24
João 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21
Atos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Romanos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16
1Coríntios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16
2Corintios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Gálatas 1 2 3 4 5 6
Efésios 1 2 3 4 5 6
Filipenses 1 2 3 4
Colossenses 1 2 3 4
1 Tessaloni. 1 2 3 4 5
2Tessaloni. 1 2 3
1Timóteo 1 2 3 4 5 6
2Timóteo 1 2 3 4
Tito 1 2 3
Filemon 1
Hebreus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tiago 1 2 3 4 5
1Pedro 1 2 3 4 5
2 Pedro 1 2 3
1João 1 2 3 4 5
2 João 1
3 João 1
Judas 1
Apocalípse 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22
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