RAFAEL CABRAL, EX-GOLEIRO DO SANTOS, ESTÁ DE VOLTA À SELEÇÃO BRASILEIRA
Aos 24 anos, Rafael Cabral, foi convocado para defender o gol da nova seleção brasileira nos próximos amistosos contra Colômbia e Equador, em setembro. Ele não é exatamente um novato na função, já que já havia sido chamado antes, mas hoje o goleiro do Napoli (ITA) revelado pelo Santos, surge como o queridinho da comissão técnica de Dunga.
Seu nome tinha sido avalizado pelo atual preparador de goleiros da CBF, o tetracampeão Taffarel, antes mesmo de ele ter assumido a função. Em entrevista ao UOL Esporte, Rafael comenta sua reação e a de seus familiares quando viram seu nome na primeira lista de Dunga: "Meu pai chorava que nem uma criança, a gente nem conseguia conversar." Ele também admite que não viu a goleada de 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil na semifinal da última Copa porque estava viajando para se apresentar a seu clube. "Só fui saber depois, achei que era brincadeira."
Veja outros trechos da entrevista:
UOL Esporte: Como você ficou sabendo da convocação?
Rafael Cabral: Eu estava concentrado para um jogo. A convocação foi meia hora antes da gente ir para o estádio. Eu coloquei na internet e assisti ao vivo. Quando saiu o meu nome, foi uma alegria muito grande. Eu estava no quarto sozinho, e a primeira coisa que eu fiz foi ajoelhar e agradecer a Deus. Depois a minha esposa me ligou e depois ela foi lá no hotel e me deu um abraço. Então conversei com o meu pai, ele chorava que nem uma criança, a gente nem conseguia conversar. Falei com o meu irmão também. Realmente foi um dia muito especial. Depois foi a correria de ir pro jogo e graças a Deus foi tudo certo, mas não vencemos, foi 1x1 contra o Atletic de Bilbao."
Você acreditava já de cara ser convocado pelo Dunga, estava esperando por isso?
Eu confiava sim, até porque há um ano eu conversei com o Taffarel e ele comentou que admirava o meu trabalho. O Taffarel foi o goleiro brasileiro que abriu as portas para os goleiros aqui na Europa, fez um trabalho espetacular aqui na Itália. Depois que eu vi a entrevista que ele deu pra você, lógico que animou ainda mais, a expectativa ficou ainda maior. Foi uma conquista e um sonho realizado.
Quais foram exatamente as palavras do Taffarel pra você depois do amistoso entre Napoli e Galatasaray?
Foi o meu primeiro jogo com a camisa do Napoli e eu tive a oportunidade de fazer uma grande partida. O Taffarel chegou e falou: "Aproveita isso aqui, isso aqui vai te colocar na seleção brasileira. Você vai evoluir muito, você vai aprender muito e isso vai fazer você jogar no Brasil." E realmente tudo o que ele falou está acontecendo. Aqui [na Itália], os jogadores são taticamente muito aplicados, o jogo acontece muita na frente do goleiro, o goleiro joga muito mais com o pé, participa mais do jogo, tem que jogar mais adiantado, ajudando como um líbero. Creio eu que evoluí demais desde que cheguei aqui.
O Taffarel disse que o treino de goleiros na Itália é diferente. Como você vê isso?
A diferença é que no Brasil, a gente fica mais tempo com o treinador de goleiros. Na Europa, a gente tem o nosso treinador específico, mas fica mais tempo com o resto da equipe. E participa do trabalho de posse de bola, do bobinho. O goleiro participa do treino junto com o time, jogando com o pé, nem sempre usando as mãos, porque é uma coisa que o nosso treinador gosta muito.
Você está totalmente recuperado da lesão?
Eu operei o joelho, mas a minha recuperação foi excelente, voltei fiz toda a pré-temporada, joguei cinco, seis jogos no Napoli e está tudo perfeito.
Você acha que sai atrás de Jefferson na disputa pela posição de titular, já que ele foi para a Copa e você não?
Nós somos muito amigos, é um cara que eu admiro muito, um excelente goleiro, grande homem. Agora, sinceramente, eu estou aproveitando o momento, aproveitando a oportunidade de ter sido convocado. Quero aproveitar cada milésimo de segundo ali, cada treino. Todo atleta tem o sonho de ir pra seleção e de poder jogar, mas quem decide isso é treinador. Se o Dunga optar por mim, estou preparado. Se optar pelo Jeferson, ele também estará preparado e com certeza a gente vai fazer um grande trabalho.
Acha que Júlio César ainda tem condições de lutar por vaga na seleção?
O Júlio tem uma grande história na seleção brasileira, participou de três Copas. Não sou eu que decido isso, não tenho o poder pra falar sobre isso. Todo atleta brasileiro que está jogando, jogando em alto nível e num grande clube pode voltar para a seleção brasileira. Acho que é normal.
Os jogadores brasileiros estão sendo alvos de piadas após o vexame na Copa?
"Ficou todo mundo surpreso aqui no Napoli [com a derrota para a Alemanha]. Eu sinceramente não assisti ao jogo porque estava em viagem para me apresentar ao clube. No avião, o aeromoço me falou que o Brasil tinha perdido de 7x1. Eu falei: "Você está brincando!" Ele repetiu, deu uma risada e saiu andando. Eu fiquei pensando que era brincadeira, só depois fui ver que era verdade. Fiquei muito triste porque tenho grandes amigos ali [na seleção], porque sou brasileiro, sou torcedor. Mas creio que tenha sido um acidente, uma coisa que aconteceu. Mas o futebol brasileiro continua sendo muito respeitado.
Qual time você ainda gostaria de defender?
Eu tenho um sonho de voltar ao Santos um dia. Cheguei lá com 16 anos, joguei na categoria de base, conseguimos conquistar muitos títulos, deixei muitos amigos e uma porta aberta. Estou muito feliz aqui no Napoli, tenho contrato até metade de 2018 e não passa pela minha cabeça sair daqui e nem voltar para o Brasil agora, mas quero um dia poder voltar para o Santos.
Matéria: UOL