Tragédia em Santos pode levar segunda mulher à Presidência da República O nome de Marina Silva será anunciado nos próximos dias como cabeça da chapa do PSB nas eleições presidenciais de 5 de outubro, em substituição a Eduardo Campos, que morreu em acidente aéreo ocorrido em Santos, na última quarta-feira (13).
    Independente da tragédia que vitimou o ex-governador de Pernambuco, Marina seria um nome de peso nessas eleições, como vice do PSB. Ela seria candidata à Presidência caso seu o partido – chamado de Rede – tivesse seu registro aceito pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Como isso não ocorreu, devido a manobras polÃticas notoriamente articuladas pelo PT, migrou para o partido de Campos, ao qual acrescentou suas propostas de uma nova polÃtica para o Brasil. Eduardo Campos brigou e conseguiu com que o seu partido tivesse candidatura própria, derrubando intenções politiqueiras de colegas de partido que desejavam se coligar com o PT, apoiar Dilma Rousseff e garantir a fartura de cargos que o partido de Lula garante para os seus aliados.
    Mesmo com Marina, Eduardo Campos dificilmente chegaria ao segundo turno. Uma coisa é o titular, outra é a vice, e, nas pesquisas, o máximo em que chegou foi aos 11% de intenção de votos. Independente da qualidade dos candidatos, haviam – e ainda há – duas máquinas com azeitadas engrenagens a serviço das candidaturas de Dilma e de Aécio Neves, candidato do PSDB. Uma, a do PT, que está no governo e mantém no cabresto cerca de 40 milhões de pessoas beneficiadas por bolsas sociais – a outra, do PSDB, que reúne quadros mais qualificados para promover as mudanças que o Brasil precisa com urgência e tem também a sua máquina camuflada por ter governado o pais por oito anos consecutivos e ter controle polÃtico em estados chaves, como São Paulo e Minas Gerais. Este quadro estava totalmente favorável a Dilma Rousseff.
    Apesar de estar à frente de um governo com avaliação descambando pela ribanceira e de um partido sem credibilidade moral, a presidente irá para a disputa no segundo turno, pois terá tempo de sobra na propaganda polÃtica de rádio e televisão para que seus marqueteiros, pagos com centenas de milhões de reais que o PT sempre arruma para suas campanhas polÃticas, fazerem o que já estão fazendo em prol do Governo Federal: enganar, maquiar, dizer que está tudo maravilhoso e prometer que tudo ainda vai ficar melhor. Isso, somado à quele povo que só se interessa pelo depósito da Caixa que garante sua sobrevivência miserável, levará Dilma ao segundo turno, no qual estaria também o PSDB de Aécio Neves.
    E, como nem o PSB de Eduardo e Marina, ambos com ligações umbilicais, pessoais e até familiares, com o PT, apoiariam o tucano, claro que Dilma seria reeleita, contando também com o apoio do PMDB, partido que vive de joelhos e de quatro pés sustentando no lombo quem está no governo, qualquer governo!. Mas a tragédia de Santos muda todo este quadro e a maior prejudicada será Dilma Rousseff. Primeiro porque seu nome não resiste a uma comparação com Marina Silva: ambas são mulheres honestas, mas a senhora paraense tem uma folha de serviços prestados ao Brasil e ao mundo infinitamente maior, sem ter que responder e ser acusada como cúmplices de bandidos do partido que estão, já estiveram ou deveriam estar na cadeia. Marina tem um marido, Fábio Vaz de Lima, que politicamente não é lá grande coisa. É madeireiro, andou envolvido em denúncias graves e ocupa cargo no governo do PT no Acre. Mas, ao que parece, quem manda lá na casa é a mulher e o homem vive pescando no rio Juruá. Ao contrário da presidente Dilma, que não tem marido, mas tem que cumprir ordens de homens como Lula, e Gilberto Carvalho, além de ter que conviver com parasitas como Michel Temer, seu vice.
    Assim, a entrada para valer de Marina Silva na disputa presidencial praticamente tira as chances de Aécio Neves e poderá provocar uma disputa entre duas mulheres no segundo turno. O senador mineiro não é um primor de simpatia e tem um alto grau de rejeição, embora seja o nome melhor preparado, principalmente por conta dos quadros que formam o seu partido, para governar o paÃs. Mas, como já ficou claro nos últimos anos, melhor qualificação não sensibiliza os eleitores, tanto que em todas as eleições são eleitas aberrações, ladrões, corruptos.. e mantidas no poder gente nefasta como Paulo Maluf, Delfim Neto, Jader Barbalho, José Sarney e outras personalidades comprovadamente nocivas ao paÃs. O apelo emocional em prol da candidatura de Marina Silva será muito grande: seu colega de chapa, com quem já estava fazendo campanha com sincera afinidade em relação à s propostas programáticas e sonhos para um novo paÃs e uma nova polÃtica, morreu. O sonho dele acabou...mas o dela permanece. O sonho dos dois será um apelo eleitoral muito forte. Um homem, muito querido em seu estado, duas vezes governador, forte e saudável, chefe de uma linda famÃlia de esposa decente e cinco filhos, entre eles um bebê, uma noite está no “Jornal Nacional”, programa de maior audiência da televisão brasileira, falando de seu sonho de mudar a vida do povo brasileiro com um governo honesto e com bons projetos....
    Pouco mais de 12 horas depois este mesmo homem desaparece na explosão de um avião, ao lado de outros seis companheiros com quem estava voando e trabalhando para concretizar este sonho. E o mesmo “Jornal Nacional” informa, a todo o momento, que bombeiros, policiais e peritos estão tentando identificar fragmentos de seu corpo para levá-lo ao sepultamento em sua cidade natal. Toda esta composição polÃtica e a emoção e comoção envolvendo o desaparecimento repentino de uma liderança nova, com sonhos trágica e bruscamente interrompidos, vão influir decisivamente nas eleições deste ano. E transformam Marina Silva, de coadjuvante de uma chapa que faria muito barulho, provocaria o segundo turno e poderia contribuir para a reeleição de Dilma Rousseff, na candidata que pode derrotar tanto Dilma quanto Aécio no segundo turno e se tornar a segunda mulher a ocupar a Presidência da República no Brasil.
MOACYR CUSTÓDIO
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